sexta-feira, 9 de julho de 2010

O expressionismo e Mies Van Der Rohe


O expressionismo surge no início do século XX na Alemanha, foi um movimento cultural de vanguarda. Um dos objetivos desse movimento era uma interiorização artística, ou seja a arte seria uma expressão do interior de cada artista, arte intuitiva.Situado num contexto de pós-guerra o expressionismo utiliza temas de miséria e solidão, assim como temas proibidos para a época como o excitante, sexual, demoníacos, entre outros.
Simultaneamente ao expressionismo surge um grupo de artistas e arquitetos, o Novembergruppe – Grupo de Novembro de 1918. Um dos objetivos desse Grupo era de unir arte e povo. Ludwig Mies Van Der Rohe é um dos novembristas e permanecendo fiel a tal grupo, a partir de 1920, começa a pensar nos arranhas céus, que segundo ele seria uma “casa transparente”, que se ergue ao céu, utopia expressionista, que faz surgir a idéia da alta torre gótica e de imagem simbólica.
Mies Van Der Rohe também participou em 1920 do Deutscher Werkbund –Federação Alemã do Trabalho, que foi o primeiro movimento arquitetônico relacionado ao Expressionismo alemão. O objetivo movimento era a integração da arquitetura, artesanato e indústria através do trabalho profissional, a publicidade e a educação, e também de introduzir na modernidade o desenho arquitetônico, atribuindo-lhe um caráter industrial.
De acordo com o relato do prórpio arquiteto, no livro “Mies Van Der Rohe” de Wener Blaser, esta época estava bastante incoerente com relação a arquitetura, pois os edifícios sofriam a influência de Palladio ou de Sckinkel e ao mesmo tempo os industriais de inspiração puramente técnica eram exemplos da verdadeira arquitetura, contanto não se buscava solução para os problemas da arquitetura.
Afirma que foi somente após a guerra que se deu conta da importância do avanço técnico, o qual era o grande motor da época dotado de novas idéias, tanto no campo dos materiais, quanto no campo dos processos, da arquitetura regida por formas arbitrárias, mas sim pela arquitetura motivada pela própria construção.
Assim como o expressionismo buscava uma nova forma de representação da realidade, utilizando novas técnicas para traduzir a verdadeira essência de cada artista; Mies também procurou novas técnicas através de estudos afim de traduzir seus ideais. Os ornamentos foram banidos de seus projetos a favor da rigorosa expressão da construção, assim como na arte expressionista os contornos e detalhes dos desenhos foram substituídos por cores que dão forma e “vida” a cada pintura.

Arranha-céu de vidro em forma de prisma triangular. Desenho a carvão.




Na busca de identidade entre razão geométrica e rítmo poético, utiliza o espaço, a luz como material de construção, erige o edifício sem empuxos aparentes, como Klee, estuda a maneira para que não seja perceptível visualmente o peso físico, sempre atento as formas, perfil, tensão, encaixes e nervuras metálicas de suspensão.
O primeiro edifício imaginado por Mies Van Der Rohe foi o Arranha–céu de vidro em forma de prisma triangular, concurso projetado em 1919, é constituído por vários planos paralelos que causam uma irregularidade na planta, estes planos estão envolvidos por vidro. São volumes transparentes que multiplicam as imagens, projeto que concilia técnica e beleza, racionalidade e poética.

Arranha-céu de vidro com superfícies curva. Desenho a carvão




Outro edifício imaginado por Mies Van Der Hohe, foi o Arranha-céu de vidro com superfícies curvas, projeto de 1920-1921, no qual ensaia reflexão da luz sobre uma maquete de vidro, estudo que determina a planta, curvas convexas das paredes envidraçadas e volume. Assim como no projeto de 1919, o objetivo do projeto era estudar possibilidades técnicas e dos materiais.
Segundo Benevolo em História da Arquitetura Moderna, Mies Van Der Rohe trabalha sobre dualidade, solo e céu, unidade e infinito, apesar da aparente contrariedade, leva a racionalidade até as últimas consequências; a padronização é construídas com técnicas industriais avançadas, em série, sem excluir o ritmo. Apesar de não professar crenças ideológicas, desde os primeiros estudos sobre arranha céus, inclina-se ao mito americano; mas ao chegar nos Estados Unidos permanece firme ao “sentido Europeu” pela forma, desloca a racionalidade para o plano da abstração.

Projeto de edifício administrativo em concreto armado com lajes em balanço. Desenho a carvão



Em 1922, desenvolve o projeto do edifício de escritórios de concreto armado, estruturado por pilares que sustentam lajes em balanço arredondadas nas extremidades, os pilares possuem recuo de 4 metros em relação à fachada, com a finalidade de aproveitar a claridade.

Seagram Building, Estados Unidos, 1958


Tal estudo levou ao desenho projetual de Seagram Building nos Estados Unidos em 1958, na Park Evenue, recua a construção da linha da calçada. Aplica-se esteios metálicos, talhados como escultura, o bronze para combinar cormaticamente com os vidros anti-solares, apesar da dimensão do bloco usa efeitos que dá a impressão que o edifício levita, os planos unidos ou desunidos faz com que cada um valha e é considerado, na medida humana, utiliza de pequenos quadros amarelos, vermelhos e azuis inspirados na tabela vazia da Brodway boogie-woogie, de Mondrian. Esse edifício sobressai pela pureza da forma e luz.


Casa de campo de tijolo,1923.

Em 1923, projeta a casa de campo de tijolo, situada no centro do lote, paredes dividem o jardim, sustentada por tijolo e espaços internos sem áreas de comunicação, a disposição da planta é constituída por módulo de tijolos, ao mandar desenhar os detalhes Mies faz uma investigação modular, a exatidão de medidas transmite harmonia de volumes.















Casa de campo em concreto armado,1924.




Já a Casa de campo de concreto armado projetada em 1924, as aberturas são como recortes que satisfazem necessidades de iluminação, organizada em torno de um pátio interno, o grande ambiente formado é coberto por laje sustentado por pilares.

Conclusão

Segundo Benevolo em História da Arquitetura Moderna, em 1925 Mies cria móveis em tubos metálicos, instalando nova tipologia, tecnologia e funcionalidade do móvel, encara como problema arquitetônico no sentido que, em casas reduzidas os móveis não devem ser volumosos, os em tubos merecem sua atenção pelo fato de serem econômicos sem serem vulgares, fácil de produção em série, sem ornamentos e encarado como objeto útil.
Em contínuo estudo, motivado pela arte intuitiva expressionista ao participar do Deutscher Werkbund e pelo Novembergruppe cujo um dos objetivos desse grupo era de unir arte e povo, consciente das inovações técnicas e interessado em usufruir das propriedades dos novos materiais e tirar partido dessas inovações para solucionar problemas arquitetônicos, Mies passa para uma segunda fase projetual, na qual consciente de tais necessidades e possibilidades alcançada por seus estudos, passa a desenvolver uma arquitetura aplicando suas conclusões obtidas nos anos anteriores.